Fale baixinho. Isso mesmo,
bem baixinho. Senão vão ouvir as coisas banais, mas muito importantes, que
estão saindo de nossas bocas e que, no dia seguinte, iremos fingir que não sabemos
de nada. Que não falamos nada. Coisas fúteis, que nos unem por uma noite, de
algum jeito. Então fale baixinho.
Risadas baixas, sem muito escândalos. Que tosse escandalosa, garota!,
mais baixo, mais baixo. Eu sei que é um pouco retardado o que estamos fazendo,
como estamos agindo. Mas é bom para nós. É bom para todas nós.
Não vamos dormir agora não, nem pensar. Só mais alguns minutos. Está com
sono? É eu sei, eu também. Mas aguentemos. Só mais cinco minutos, prometo de
mindinho. Vocês querem também que eu sei.
Vai por mim, está sendo bom. Mesmo todas nós estando com sono. Mesmo
todas nos estando contando coisas sem sentido. Pois na noite seguinte diremos:
Venham! Venham! Vamos conversar. Vamos ter aquela conversa de novo.
(Tema: Uma crônica sobre Paraty)