sábado, 16 de março de 2013

"Eu não vejo o que qualquer um que pode ver em outro qualquer, a não ser em você."


(Anyone Elsa But You - The Moldy Peaches)

Nunca entendi muito bem como tudo aquilo funcionava. Com aquilo eu quero dizer ela, minha namorada. Era tão complicada que as vezes nem ela se entendia, o que me dava algum credito em nossos infinitos mal entendidos. Mas sua complicação me encantava, assim como seus olhos profundamente azuis. Seu passado me assombrava assim como a grande lista de namoros que não deram certo que ela levava na testa. Sua família me assustava nas festas, com seus gritos e animações escandalosas, assim como os gritos histéricos que ela dava quando estava brava comigo. Mas a gente se entendia.
Sua personalidade tinha tantos altos e baixos que eu não sei como ela ainda se aguentava em pé. Era daquelas que pedia um abraço e depois te empurrava pra longe, tão confusa que até me confundia. Suas caras e bocas fazia um teatro que só os mais íntimos podiam ver, mas as vezes os mesmos não queriam e por isso, várias vezes, as pessoas iam embora. Mas eu fiquei. Fiquei para vê-la pela manhã, pela tarde e pela noite. Fiquei para consolá-la nos momentos difíceis e todas aquelas coisas que a gente ouve as mulheres falando por ai. 
A manina era tão contraditória que me puxava a força para ver um filme bobo, e depois reclamava de eu não ter gostado, me chamava de nerd chato. Xingava os personagens, jogava as almofadas na tela da TV, chorava do começo ao fim, mas de algum jeito acabava me dizendo:
- Sabe porque eu gosto de comedias românticas? - Perguntava com um sorriso bobo na cara.
- Não. - Eu respondia.
- Porque elas tem sempre finais felizes.

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Dê-me amor como nunca antes, porque, ultimamente, eu tenho desejado mais"


(Give Me Love - Ed Sheeran)

Pode brigar comigo, mas não vai muito longe não, fica perto, tá? Faz cafuné no meu cabelo e me diz que vai ficar tudo bem. Eu sei que sou mais enjoativa que mel, mas é meu jeitinho, pô, me aceita. Me leva pro parque e me ensina a andar de skate. Me empresta o seu boné para eu fingir que eu sou das ruas. Me diz aquelas coisas chiches que eu choro quando vejo nos filmes. Me acorda de manhã cedinho e diz que me ama. Não, não faz isso não, porque eu gosto de dormir. Mas me compra aquele filme e finge que não sabia que eu gostava. Me dá rosas vermelhas, porque elas significam amor. Me pega pela mão no meio da sala de estar me ensina a dançar, mesmo você não sabendo. Tenta fazer alguma coisa na cozinha para mim, nem que seja um ovo frito e tudo bem se ele sair meio queimado. E quando uma mariposa entrar no quarto em um dia de verão, estufa o peito, dá uma de machão e a mata. Finge que não sabia que era meu aniversário e me faz uma festa surpresa. Não, não esquece meu aniversário não. Mas a festa surpresa eu topo. Eu te deixo ficar bravo comigo, perder a paciência, isso é normal. Mas não vai embora não. Fica comigo.

"Estava à toa na vida, o meu amor me chamou pra ver a banda passar, cantando coisas de amor"


(A Banda - Chico Buarque)

A menina estava sentada na janela, vendo o movimento da rua na sexta a tarde, não que essa estivesse movimentada. Mas a cabeça da menina estava bem movimentada vendo o vendedor de flor, chamado Marcos, dormir na sombra, vendo Clara, a cabeleireira, fumar na esquina. Estava sentada no parapeito da janela, com seus pés descalços balançando pelos ares, fazendo o que sua vó havia ensinado desde de criança: 'Se a vida lhe der limões, faça uma limonada.' dizia todo domingo de manhã. Não que a vida tivesse lhe dado limões, nem laranjas, na verdade a feira só passava segunda de manhã bem cedinho, quando os preguiçosos ainda descansam. Mas a vida havia lhe dado aquela janela com uma vista tão linda! Então ela estava lá, observando. Admirando, para ser mais poética. Haviam lhe dito que a vida entre quatro paredes era muito parada, muito fria, então ela foi olhara rua. Foi ver a vida passar sem pressa, sem anseios. Ficou lá do amanhecer até a noite, só olhando. E depois foi dormir, pensando que aquela foia melhor limonada que havia tomado.

terça-feira, 12 de março de 2013

O amor bateu em minha porta, deu olá e ficou.

E se for para a gente ficar junto? Mesmo que eu não o conhecesse, talvez aquele garoto da fila da padaria fosse o meu verdadeiro amor de toda a minha vida só esperando para que o encontrasse. Talvez aquele mesmo garoto que eu encontrei um trilhão de vezes no aeroporto internacional seja O cara. E talvez ele vá embora e eu nunca mais o veja. E mais, talvez eu fique sozinha para sempre porque eu fui lenta demais para perceber o que o destino estava tentando me dizer. Que: "sim! sim, é ele! Ele é seu verdadeiro amor.". E talvez eu não encontre alguém tão 'meu' quanto ele e talvez eu não seja tão 'dele' para mais ninguém se não para ele.
Mas ele está indo embora! Olho para os lados desesperada para fazer alguma coisa e começo a segui-lo. Mas o que eu tenho na cabeça em seguir um garoto no meio do aeroporto?! Bom, não muita coisa e, além disso, não tenho muito tempo para pensar nisso pois estou chegando perto dele e não tenho nada para dizer, e não, não posso parar agora com essa loucura. Ou talvez eu possa, mas não queira.
Lá está ele, o 'Talvez Amor da Minha Vida' parado, só esperando o destino ou quem sabe até eu mesmo, fazer alguma coisa. Ele começa a andar em direção a entrada de embarque. Será que ele não pode nem esperar um pouco, pensar sobre a vida durante um minuto enquanto eu decido se eu enlouqueci de vez ou não? Pelo jeito não, porque ele esta embarcando  No internacional! Pelo jeito chegou minha vez de embarcar também.
Ainda penso que merda que eu tenho na cabeça. De verdade! O que eu poderia falar para ele, para um garoto que eu pus na minha cabeça de um segundo para o outro que é O cara. "Oi, acredita em amor a primeira vista?" Não! Acho que estou assistindo filmes demais... Principalmente essas comedias românticas.
Mas lé está ele. E ele é tão lindo. É tão elegante. Foco admirando-o de longe por alguns segundos até que o destino filho da puta vê que eu não tenho capacidade mental de agir sozinha e faz com que tudo aconteça rápido demais, e agora eu realmente vejo que estou assistindo filmes demais. As passagens que estavam em sua mão voam até meus pése eu me abaixo para pegá-las. Mas ele é mais rápido. Está já do meu lado, com as mãos em cima da minha (MUITOS FILMES!) e eu olho para ele e falo com uma voz mais ridicula do que eu pensei que fosse possivel um ser humano fazer:
- Oi.
- Oi. - ele responde ainda me olhando.
- Você... Acredita em amor a primeira vista? - eu falo meio baixinho. Realmente não devo ter nada na minha cabeça.
Ele sorri, mas não como se eu fosse uma retardada como qualquer cara normal faria, não! Ele sorri como se aquilo tivesse sido engraçado.
- Estou começando a acreditar. - ele estende a mão para mim e continua:- Piter.
'Sua futura esposa', quase falo, mas me controlo e apenas falo:
- Carol.