sábado, 20 de abril de 2013

"Eles se amaram de qualquer maneira"

(Paula e Bebeto - Milton Nascimento)

De madrugada, quando nem a Lua estava com sono, você me olhava de um jeito e me dizia "Fica! Fuca comigo essa noite...". Continuava dizendo que de manhã eu seria livre, mas quando os primeiros raios de sol batiam no lençol que cobria aquele colchão velho, seus olhos estavam me olhando novamente e você me implorava novamente "Fica! Fica comigo para sempre!", e eu não podia dizer 'sim', caramba! Eu estaria mentindo, porque eu nunca ficaria com você a vida inteira! E você sabe o quanto eu odeio mentir, principalmente para você. Mas desde o começo isso tudo foi uma mentira e é por isso que eu odiava isso, odiava esse 'nos dois' de que você tanto falava. Seu amor era tão profundo que me afogava, suas palavras tão intimas que me constrangiam. E você nem ligava. Só queria mais uma noite, mais um abraço, mais um beijo, mais um amor que eu nunca estive disposta a te dar. Eu queria você, nunca quis. Mas do seu lado eu sentia que podia ser amada, respeitada, e isso sempre foi a unica verdade nisso tido, mas mesmo assim continuava a ser uma mentira. Não consegue ver? Isso é uma bagunça impossível de ser arrumada, inclusive por nós, que não conseguimos deixar nem nossas camas arrumadas. Não vou dizer que acabou, nada que nunca começou pode acabar. Apenas pus um ponto final nesse amaranhado de palavras, ok? E espero que seja o ultimo.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Uma fogueira tão minha. Uma fogueira tão nossa.

Quando eu me sentei naquele chão frio e molhado, um trilhão de pensamentos e lembranças invadiram a minha mente sem eu nem sequer pedir. Não que eu tivesse feito vezes suficiente aquilo (montar barracas, chorar na fogueira, ir para o chalé, vestir o pijama, ir de mala e cuia para o cross, o nosso adorado cross, que era mais adorado ainda por nós podermos chamá-lo de "nosso" e sentar na frente do fogo) para ter muitas lembranças para invadir minha mente tão sonhadora. Mas sentando naquele chão frio e molhado, me permitindo molhar a bunda, percebi que era a hora. Não uma hora qualquer, A Hora, aquela última hora que tantas pessoas falam que é para a gente aproveitar antes que ela chegue, que vai ser triste mas que vale a pena e blá-blá-blá. Eu tinha medo daquela hora, confesso. Há quatro anos atrás, eu olhei para uma fogueira um pouco maior do que aquela que nos aquecia naquele momento e chorei com medo daquela hora chegar mais rápido do que eu estava preparada. E agora, cara a cara com ela, eu sorri. Sorri de felicidade com uma pitada de melancolia, mas maior do que isso, sorri de satisfação. Porque sentada na frente daquela fogueira tão nossa, compartilhando o seu calor com aquelas trinta e quatro pessoas tão queridas, eu olhava para o passado e percebia que ele tinha sido aquilo. Lembrei das danças loucas que fizemos quando ninguém e todo mundo estavam  vendo, dos micos tão bem pagos, das balinhas em que choramos até desidratarmos, das competições em que torcemos até nossas vozes falharem. Lembrei de tudo e de nada, porque não tenho muito foco para ficar lembrando. E além disso, fagulhas brilhantes estavam queimando um tempo meu que era precioso, e as vezes, é mais preciso viver do que lembrar. Porque uma vez eu vi um filme que falava que o que a gente vive vão virar histórias um dia. E hoje, na frente desse computador, percebo que aquela maisena que foi muito bem dada, aquele grito que foi tão alto, aquela lágrima que foi tão sentida, viraram já histórias, e que aquele momento tão temido e esperado virou uma história tão bonita porque, na frente do fogo, eu vivi. E agora, o que nos resta é contá-las,
recordá-las. Revivê-las.