terça-feira, 16 de abril de 2013

Uma fogueira tão minha. Uma fogueira tão nossa.

Quando eu me sentei naquele chão frio e molhado, um trilhão de pensamentos e lembranças invadiram a minha mente sem eu nem sequer pedir. Não que eu tivesse feito vezes suficiente aquilo (montar barracas, chorar na fogueira, ir para o chalé, vestir o pijama, ir de mala e cuia para o cross, o nosso adorado cross, que era mais adorado ainda por nós podermos chamá-lo de "nosso" e sentar na frente do fogo) para ter muitas lembranças para invadir minha mente tão sonhadora. Mas sentando naquele chão frio e molhado, me permitindo molhar a bunda, percebi que era a hora. Não uma hora qualquer, A Hora, aquela última hora que tantas pessoas falam que é para a gente aproveitar antes que ela chegue, que vai ser triste mas que vale a pena e blá-blá-blá. Eu tinha medo daquela hora, confesso. Há quatro anos atrás, eu olhei para uma fogueira um pouco maior do que aquela que nos aquecia naquele momento e chorei com medo daquela hora chegar mais rápido do que eu estava preparada. E agora, cara a cara com ela, eu sorri. Sorri de felicidade com uma pitada de melancolia, mas maior do que isso, sorri de satisfação. Porque sentada na frente daquela fogueira tão nossa, compartilhando o seu calor com aquelas trinta e quatro pessoas tão queridas, eu olhava para o passado e percebia que ele tinha sido aquilo. Lembrei das danças loucas que fizemos quando ninguém e todo mundo estavam  vendo, dos micos tão bem pagos, das balinhas em que choramos até desidratarmos, das competições em que torcemos até nossas vozes falharem. Lembrei de tudo e de nada, porque não tenho muito foco para ficar lembrando. E além disso, fagulhas brilhantes estavam queimando um tempo meu que era precioso, e as vezes, é mais preciso viver do que lembrar. Porque uma vez eu vi um filme que falava que o que a gente vive vão virar histórias um dia. E hoje, na frente desse computador, percebo que aquela maisena que foi muito bem dada, aquele grito que foi tão alto, aquela lágrima que foi tão sentida, viraram já histórias, e que aquele momento tão temido e esperado virou uma história tão bonita porque, na frente do fogo, eu vivi. E agora, o que nos resta é contá-las,
recordá-las. Revivê-las.

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