quarta-feira, 22 de maio de 2013

O nome dela era Maria.

Dona Maria. Eu sei que parece mentira, porque Maria é um nome bem comum, então parece que eu estou inventando. É um nome que passa abatido, assim como ela talvez também passasse. Ela era a faxineira da minha escola, veio de uma cidade do interior de São Paulo pouco conhecida, tinha uma vida pouco conhecida. E agora estava na frente de 34 alunos contando sobre ela, o que provavelmente ela nunca tinha feito antes.
Eu já tinha a visto no banheiro várias vezes, mas nunca soube seu nome. Depois que ela foi embora, meu professor de geografia nos disse que ela era invisível  Ele disse que, para muitos, ela não tem nome, idade, história. Ele disse que antes de tudo que ela tinha disto, ele não sabia nada sobre ela, a não ser que ela era uma pessoa muito otimista, pois todas as vezes que ela passava por ele, ela abria um sorriso. Deu para perceber como ela estava feliz ao falar que todos seus filhos estudavam. Parece uma coisa tao boba para nós, quase uma obrigação. Mas seus olhos brilharam como diamantes naquele momento. Ela tinha 63 anos. Ela ficava feliz quando a sala de aula ficava limpa. ela esfregava as contas de matematica que a gente escrevia na mesa até elas saírem  Ela ficava ate as 9 da noite limpando aquele lugar.
Acho que, depois daquele dia, eu nunca mais escrevi nada na carteira.

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