quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"Ensurdecido pelo silêncio, foi alguma coisa que eu fiz?"



(Astronaut)

Os dois estavam no ponto esperando que o destino fizesse alguma coisa para tirá-los daquele silêncio meio desconfortável,  de um passado distante, que nenhum dos dois nem sequer lembrava, mas ainda atrapalhava que alguma palavra que se dirigisse um ao outro saísse da boca de nenhum dos dois.
- Por que você não foi no ônibus?
Nem ela podia acreditar que alguma coisa tinha saído da boca dela. Agora seus olhos encaravam os rosto meio pasmo do garoto, esperando alguma resposta.
- É... - ele ainda pensa um pouco, meio que acordando de um sonho e finalmente, para o sossego da menina ele continua - Vou para a casa do meu pai.
- Como ele está?
Apenas perguntas por pura educação que os pais deles deram algum dia pairam no ar. Alias, apenas educação os mantem ali. E um ônibus, que naquela hora parecia demorar mais de uma eternidade para chegar.
- Ele vai bem, obrigado. E sua irmã? Conseguiu a vaga na universidade?
- Sim, mas naquela lááá em Campinas. Esta morando lá agora, com umas amigas. 
- Ainda bem, assim você consegue o seu próprio quarto, aquele que você tanto queria.
Ela ri baixinho e os dois começaram a lembrar. Como se começassem a ler um livro pela segunda vez e perceber que já tinham lido. Começaram a perceber que a tensão no ar do passado começa ser substituída por uma proximidade inexplicável. Começaram a perceber que aquele tipo de conversa entre os dois já havia acontecido naquele passado distante que os dois nem sequer se lembravam. E no meio de tantas lembranças desfocadas voltando para suas mentes, o ônibus chegou.
- Boa sorte com o quarto. Mande um beijo para sua irmã.
- Claro, até mais.
- Até.
E ele foi embora. Mas as lembranças desfocadas continuava na cabeça dela. E ela continuou ali. Pensando. Pensando naquele passado que haviam re-esquecido. Onde os dois eram felizes. 
Juntos. 

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