terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"E pobre desses rapazes, que tentam lhe fazer feliz."


Todo o brilho daquele rosto claro feito porcelana estava, com certeza, fosco por causa das quantidades de nuvens que cobriam o céu e a alma da menina. Coitada da menina. Segurava com tanta força o colar em sua mão, que a mesma tremia. Mordia o lábio para não aparentar nenhuma emoção. Olhava com tanta esperança perdida para o céu, que era como se seus problemas fossem criar asas e voar lá para cima. Pensava com tanto carinho nas lembranças que aquele colar trazia consigo, que até parecia que elas iam vir correndo para o presente.

Mesmo que o ônibus estivesse quase vazio, ninguém pareceu reparar no som do estalo que sua mão fez quando a abriu com o susto quando um pingo de chuva caiu na ponta do seu nariz. Nem o barulho do seu colar quicando no chão sujo do ônibus. 
A menina olhou para o céu como se todos os seus problemas tivessem criado asas e voado lá para cima. Sorriu com a luminosidade que a chuva tinha levado embora e que agora devolvia para a devida dona. Sorriu porque, mesmo com o temporal que estava para cair em cima de São Paulo naquela quinta-feira nublada, o sol brilhou em algum lugar entre as nuvens e um fio de luz iluminou  seu sorriso, seu rosto, sua alma. Sua vida.

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