sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo."


(Aquarela - Toquinho)

Em um relance com os olhos eu vi. Dentro de sua pasta. Da pasta que você levava para casa todo dia. Na primeira "subpasta". era aquela em sanfona, preta, com elástico preto também, do jeito que você havia procurado tanto,  que eu tinha ajudado a procurar em uma terça-feira chuvosa em que você não queria voltar para casa. Aquela que você levava todo dia para casa. Na primeira subpasta estava ela, a folha da minha  monobloco, que estava em branco, mas ao mesmo assim guardava uma história, e o mais importante: você guardava-a.
Eu lembrava daquele dia. O dia em que você pediu uma folha e ninguém ouviu. E Então, rápida como um leopardo, eu tirei minha monobloco e, ahá, dei uma folha para você. 
Nãos sei se você se lembra, muito menos com tantos detalhes assim. Mas eu havia repassado tantas vezes os meus movimentos naquela aula de ciências que o professor só falava, falava, falava, por causa do que aconteceu depois. Você simplesmente olhou-a e colocou embaixo da sua carteira. Ignorada, rejeitada. E eu fiquei pensando o que eu fiz de errado para você não querer  minha folha. Mas agora eu sei. Você a guardou. Na primeira subpasta da sua pasta sanfona preta. Ela está lá. Perfeitamente branca. E eu aqui. 
Perfeitamente feliz.  

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